IPCA: o novo índice de reajuste do aluguel

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Uma mudança no indicador de reajuste de valores tornou o IPCA o novo índice de reajuste do aluguel

Quando uma pessoa assina um contrato de aluguel, muitas informações precisam ser detalhadas, e entre elas como será o reajuste desse aluguel.

A taxa de reajuste de correção é feita anualmente, e normalmente, era baseada no Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas.

Esse índice já era padrão nos contratos pois é ele que mede o movimento dos preços no mercado.

Porém, diante de um cenário de constantes altas nesse indicador muitas imobiliárias passaram a adotar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como referência.

Por que passou a ser o IPCA o novo índice de reajuste do aluguel?

Apesar do mercado já estar habituado ao IGP-M, essa mudança está sendo causada pois essa taxa fechou 2020 com uma alta acumulada de 23%, quase três vezes maior que o resultado de 2019, de 8,27% no ano. 

Enquanto o IPCA, que é o principal indicador da inflação, em 2020 acumulou alta de 4,5%.

Essa disparada levantou discussões sobre sua troca por esse outro índice de inflação com o objetivo de minimizar os impactos negativos para inquilinos e proprietários.

A mudança é, num primeiro momento, uma medida emergencial com o intuito de manter os contratos de aluguéis, atendendo necessidades já muito afetadas pela pandemia.

Isso porque a demanda do mercado de locação está menor e é possível encontrar imóveis com preços inferiores aos que estão hoje em contratos, e esse cenário favorece o inquilino.

Como funciona o IPCA?

Para entender a mudança, é importante compreender o que é e como é medido esse índice que é uma novidade no mercado imobiliário de 2021.

O IPCA mede a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo e que são referentes ao consumo pessoal das famílias. 

Ele tem como unidade de coleta os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e internet e os valores são coletados do dia 01 a 30 mês a mês.

Essa coleta considera as seguintes categorias: alimentação e bebidas, artigos de residência, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.

Enquanto o IGP-M registra todas as etapas da produção, como a exploração do aço, que vai ser usado na fabricação de um carro que depois vai ser vendido numa loja, por exemplo. Ele registra um ambiente muito maior da economia.

Ou seja, o IPCA é considerado o termômetro oficial da inflação no país, pois monitora a variação nos preços dos produtos de mercado para o consumidor final.

Antes de ser usado no mercado imobiliário, sua principal função é ser referência para que o governo monitore sua meta de inflação anual e, a partir daí, defina quais políticas monetárias e medidas econômicas serão aplicadas.

Diferença entre IGP-M e IPCA

Apesar dos dois índices serem referentes à inflação, o IGP-M mede toda uma etapa de produção, enquanto o IPCA registra apenas as altas que afetam o consumidor final.

Podemos resumir essa diferença da seguinte forma: enquanto o IPCA está diretamente ligado ao preço do varejo, o IGP-M é composto por três categorias diferentes relacionadas ao produtor, ao consumidor e ao setor de construção civil.

Isso explica a maior sensibilidade que esse último índice tem em relação às mudanças macroeconômicas, como aumento do dólar ou uma crise econômica, por exemplo.

Além disso, o IPCA é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e é um indicador referência para o Banco Central decidir a taxa básica de juros, como a Selic.

E o IGP-M é calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) e verifica os preços para o produtor, para o consumidor e para o setor de construção civil.

Por que ocorreu uma alta no IGP-M?

Como você pode perceber, a mudança que passou a utilizar o IPCA o novo índice de reajuste do aluguel se deve devido a alta no IGP-M em 2020.

Mas porque essa alta ocorreu? 

Especialistas indicam que esse aumento tão acima do IPCA se deve principalmente ao câmbio.

Isso porque, conforme explicamos,  a grande diferença entre os dois índices é que um é mais global e o outro calcula apenas os valores do consumidor final.

E a maior parte do cálculo do IGP-M é composta por commoditties ligadas ao setor industrial, como minério de ferro, cobre e alumínio, e também do agronegócio, com o milho, a soja e o trigo. 

Com a desvalorização cambial, esses produtos que são cotados em dólar aumentaram muito de preço e pressionaram o IGP-M para cima.

Momento é de negociação 

Como nenhum dos índices são oficiais para o mercado imobiliário, apesar de usualmente usados, a mudança se deu como uma maneira de negociar com proprietários e inquilinos uma alta que fosse mais próxima à inflação do país.

Vale lembrar que, num primeiro momento, a pandemia provocou um esvaziamento geral de alguns imóveis tanto comerciais quanto residenciais. 

Com aulas suspensas, o setor perdeu muitos inquilinos que eram estudantes, além de salas comerciais usadas por escritórios e outros prestadores de serviços, que foram desocupadas com a implantação do home office. 

Diante desse cenário, não é favorável um aumento tão significativo para ambos os lados. E, por isso, muitas imobiliárias passaram a utilizar o IPCA o novo índice de reajuste do aluguel.

Nesse momento é importante entrar em contato com sua imobiliária para entender o que está sendo adotado.

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